Plano de Retomada da Indústria: novas oportunidades para o setor

Image by ar130405 from Pixabay

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) entregou ao vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, empossado como novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Plano de Retomada da Indústria Nacional. Ao meu ver, o plano desempenha um papel importante na estratégia de estimular o crescimento econômico e a revitalização da indústria, principalmente, frente aos desafios que o setor enfrenta para reduzir seu impacto nas mudanças climáticas, acompanhar os avanços da revolução digital e superar as perturbações nas cadeias globais de fornecimento causadas pela pandemia da Covid-19 e a guerra na Ucrânia.

A primeira proposta consiste na criação de uma política industrial que esteja em sintonia com o cenário atual e com as melhores práticas internacionais. Não é por acaso que, nos últimos 10 anos, pelo menos 84 nações, que correspondem a mais de 90% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, implementaram medidas para impulsionar suas indústrias. Países como Estados Unidos, China, Japão, Coreia do Sul e membros da União Europeia planejam investir cerca de US$ 5 trilhões em políticas de incentivo à atividade industrial. O Brasil não pode ficar de fora dessa tendência e deve encontrar formas de fortalecer o setor industrial. 

Paralelamente, a nova política industrial precisa enfrentar diretamente o “custo Brasil” que, segundo a CNI, é composto por uma série de ineficiências, tais como um sistema tributário caótico, infraestrutura deficiente, burocracia excessiva, insegurança jurídica, falta de financiamento acessível, formação inadequada de recursos humanos e alto nível de informalidade no mercado de trabalho. 

Segundo o Movimento Brasil Competitivo, esses custos sistêmicos consomem cerca de R$ 1,5 trilhão das empresas brasileiras a cada ano, dificultando a realização de investimentos, a criação de empregos e a expansão dos negócios.

Reduzir os custos, portanto, é o caminho para mais competitividade e eficiência. Consequentemente, maior produtividade, geração de empregos e crescimento econômico. Em um contexto de crescente concorrência global, contar com uma política industrial que inclua medidas para melhorar esses fatores é ainda mais estratégico. 

As propostas também incluem dar ênfase à atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como um agente que promove a produtividade por meio de medidas como a modernização industrial, inovação, comércio exterior e estímulo à economia de baixo carbono. Isso porque, a experiência internacional demonstra que os bancos de fomento são fundamentais para o apoio ao setor produtivo durante períodos de transformação tecnológica, como o atual, em que o setor está vivenciando a 4ª Revolução Industrial. 

Entre as sugestões também estão a regulação do mercado de carbono no País, a recriação do sistema de financiamento e garantia às exportações e a promoção da desconcentração e competição no setor de gás natural. 

É igualmente crucial a internalização do acordo comercial Mercosul-União Europeia, o avanço acelerado do processo de acessão do Brasil à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a modernização das regras de licenciamento ambiental para permitir a promoção da conservação dos recursos naturais e o desenvolvimento socioeconômico do País.

Como se vê por esse breve resumo das propostas, sem dúvidas, trata-se de um plano ambicioso de curto prazo, mas viável, se considerarmos o amadurecimento econômico e institucional do Brasil. Tanto que, em cada uma das áreas, já foram realizados diagnósticos, que mapearam projetos prontos para serem votados no Congresso.

Setores estratégicos

No Brasil, alguns exemplos de setores estratégicos incluem a indústria automobilística, a de alimentos e bebidas, além da indústria de energia. Tratam-se de segmentos com grande potencial de crescimento e que, portanto, podem gerar impacto positivo na economia do País. 

À frente da Semac, que representa no Brasil e na América Latina marcas europeias renomadas, como a Behringer e a Haeusler, que oferecem diversas soluções em máquinas e equipamentos industriais para o setor de energia eólica, destaco como exemplo o setor de energia, no qual há espaço para um crescimento acelerado na medida em que os países buscam reforçar sua segurança energética e alcançar metas climáticas mais ambiciosas. E o Brasil já tem papel de destaque, ocupando a sexta posição no ranking global do Relatório de Energia Eólica Global 2022, com capacidade instalada de 21,5 GW em turbinas eólicas onshore. O relatório indica que o País instalou o terceiro maior número de novas usinas eólicas em 2021, ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos. De acordo com a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), a expectativa é que o Brasil tenha pelo menos 30 GW de capacidade instalada em energia eólica até 2024, considerando apenas os leilões já realizados e os contratos assinados.

Escrito por Fredy Schneider, Diretor comercial na SEMAC
Publicado originalmente em https://bit.ly/40DwW4s