Estudo da CNI mostra que idade média do maquinário industrial é de 14 anos

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Um terço dos equipamentos já ultrapassaram a idade recomendada pelos fabricantes como ciclo de vida ideal.

Em um cenário em que a velocidade da inovação tecnológica dita o ritmo dos negócios globais, a indústria brasileira enfrenta um dilema. Um estudo recente conduzido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que quase metade das máquinas e equipamentos industriais em operação no Brasil estão obsoletos, com uma idade média de 14 anos. Este é um problema que não apenas afeta nossa competitividade, mas também tem implicações profundas em nossa eficiência operacional e sustentabilidade. 

A pesquisa mostrou também que mais de um terço dos equipamentos industriais brasileiros já ultrapassaram a idade recomendada pelos fabricantes como ciclo de vida ideal. Ou seja, temos um grande contingente de máquinas operando em condições subótimas.

Se pensarmos que um dos problemas mais evidentes desse “atraso” se resume em gastos, qualquer possível economia estaria invalidada a longo prazo. Um desses custos é o de manutenção, já que máquinas antigas têm maior probabilidade de enfrentar problemas e falhas operacionais. Paradas não programadas em um processo produtivo também têm alto impacto financeiro, além dos custos operacionais que devem entrar nessa conta, pois equipamentos obsoletos consomem mais recursos, especialmente energia elétrica, o que também contribui para um aumento nas emissões de gases de efeito estufa. Isso vai contra nossos esforços de descarbonização e compromissos com a sustentabilidade.

E falo isso com propriedade porque a Semac representa no Brasil e América Latina marcas européias que são referências em máquinas e equipamentos industriais e recebo o feedback positivo de clientes que investem na renovação de seu maquinário. Produtividade, eficiência e até a fabricação de uma nova variação de produto, com nova fonte de receita, são alguns dos ganhos relatados pelos nossos clientes.

Além disso, à medida que os equipamentos se aproximam do fim de sua vida útil, encontrar peças de reposição compatíveis se torna uma tarefa cada vez mais desafiadora. Mas o problema não para por aí. O envelhecimento tecnológico também afeta nossa capacidade de absorver inovações tecnológicas. A chamada Indústria 4.0, com suas tecnologias avançadas, como a automação e a Internet das Coisas, oferece ganhos significativos em eficiência e competitividade. No entanto, a transição para essas tecnologias é dificultada pela presença persistente de equipamentos ultrapassados. Ou seja, quanto mais velho o maquinário, mais desafiador e oneroso se torna o processo de adaptação. 

Entre os setores mais afetados por esse desafio encontram-se a metalurgia, manutenção e reparação de veículos automotores. No entanto, também é importante destacar setores que já estão fazendo progressos, como informática, eletrônicos e ópticos, que mostram que é possível adotar uma abordagem proativa para a renovação de equipamentos e máquinas, obtendo ganhos significativos em eficiência e competitividade.

Contudo, políticas públicas que incentivem a renovação tecnológica do nosso parque fabril são fundamentais. É por isso que vejo com bons olhos a proposta de depreciação acelerada, que consta no plano de Retomada da Indústria, entregue pela CNI ao governo brasileiro, visando aumentar a produtividade da economia brasileira e acelerar o ritmo de crescimento no setor. Como eu já compartilhei por aqui, isenção de impostos de importação para algumas máquinas é outra boa notícia e uma oportunidade.

Mas aumentar a produtividade e, consequentemente, assumir nosso papel no crescimento econômico do Brasil também demanda uma visão de médio e longo prazos. Assim, o que seria considerado gasto a curto prazo, tem seu status de investimento reconhecido a longo prazo.

Em uma realidade onde o conceito de indústria 5,0 já marca presença, equipamentos totalmente obsoletos é um alerta e um chamado para a ação de todos que querem se manter competitivos e contribuir para que a nossa indústria siga como uma força vital em nossa economia.

Escrito por Fredy Schneider, Diretor comercial na SEMAC
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